Que segredo guardavam os antigos sambaquis do Brasil?

O segredo guardado pelos antigos sambaquis do Brasil é revelado por uma equipe de pesquisadores liderada por Jéssica Mendes Cardoso, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP) e da Universidade de Toulouse. Contrariando as crenças anteriores, os ancestrais dos Je do Sul do planalto de Santa Catarina não foram responsáveis pela construção dos sambaquis, mas sim os Sambacas, que habitavam a costa sudeste do Brasil há mais de 5.000 anos.

Através da análise isotópica dos ossos de oito indivíduos encontrados no sítio arqueológico conhecido como Galeta IV, localizado em sambaquis costeiros, foi descoberto que esses indivíduos se alimentavam exclusivamente de frutos do mar e viviam na região litorânea.

Além disso, Fabiana Merencio, também do MAE-USP e da Universidade Federal de Santa Catarina, realizou uma nova análise da cerâmica encontrada em Galeta IV. Essa análise revelou que a cerâmica não tem relação com a cerâmica produzida pelos moradores do planalto, como se acreditava anteriormente, mas sim é mais semelhante à cerâmica encontrada nas zonas costeiras do norte e do sul do Brasil. Além disso, a datação da cerâmica de Galeta IV mostrou que ela foi feita há 1.300 anos, enquanto a cerâmica das terras altas só surgiu há 1.000 anos.

Diante dessas novas descobertas, os pesquisadores acreditam agora que as alterações nos últimos montículos construídos em Galeta IV podem ter sido causadas pelo contato entre os construtores Sambacas e os antepassados dos Je do Sul, bem como pelas mudanças no nível do mar e na disponibilidade sazonal de alimentos marinhos, que eram os materiais utilizados na construção dos sambaquis. Mendez conclui que essa pesquisa traz novas perspectivas sobre a história dos antigos povos brasileiros e a importância desses sambaquis na compreensão da sua cultura e modo de vida.